Geração Z

Sem rótulos, por favor

Assim como as demais, a compreensão da geração Z aponta aqui alguns aspectos marcantes e com distanciamento, como a ideia de um mundo globalizado e digital. Com afastamento de cenários específicos, compreende-se a geração Z como aqueles que nasceram imersos e já habituados ao uso da internet.  Uma geração de crianças que, em sua maioria, já sabia o que significa “dar um Google”. Apesar da significante transformação que isso pode ocasionar no modo de lidar com o próprio viver como a relação com o tempo, sociabilidade e trabalho, a geração Z ainda está formando os jovens dos seus primeiros anos. Afirmações categóricas devem ser estudadas com certa cautela. Até o momento, algumas considerações sofrem menos risco de engano.

Nascidos entre os anos 2000 e 2019 aproximadamente, grande parte dessa geração já tinha consciência do Corona Vírus ou cresceu ouvindo histórias em detalhes do que aconteceu na pandemia, essa sensação é bem marcante na geração (assim como em todas as demais que sobreviveram ao vírus). Esses jovens são mais realistas que os millennials, que são considerados otimistas muitas vezes. O senso de realidade da geração Z bate em assuntos como empregabilidade, relacionamentos amorosos entre outros. 

Há um número considerável, assim como os millennials, de jovens ansiosos nessa geração. Lidam e falam sobre essa questão com mais autocuidado e naturalidade. Na experiência docente, presenciei momentos de intensa ansiedade de ambas as gerações, algumas vezes anunciada pelo próprio aluno que sabia como contornar a situação. A entrega pelo lado humano faz com que muitos desses jovens Zês sejam mais sensíveis, defendam valores consolidados por grande parte de seus pares, não abram espaço para preconceitos e, quando ocorrem, contestam. Não gostam de ser classificados por uma única característica ou preferência, são “multi”, “poli”, estereótipos são reconfigurados.

O mercado de trabalho já busca por mais informações e características dessa geração que, em poucos anos, já será parte considerável nas empresas ultrapassando os millennials. Ela, por sua vez, reforça questões levantadas pelos millenials, como a necessidade de entender sua importância e saber sobre a contribuição da empresa para o mundo. Em uma entrevista em profundidade, em 2018, escutei algo como “não vou vender minha alma para trabalhar em qualquer lugar”. Ocorre que a geração Z também tem questões ligadas à ética como seus pilares dentro do ambiente de trabalho. Para isso, há mais desafios para líderes inspiradores e empresas corretas, em busca de questões sociais e ambientais (CRUZ, 2022).

O conflito geracional, mais carregado pelo sarcasmo do que pela rivalidade, ganha espaço midiático e reforça a ideia geracional segmentada, em que há compartilhamento de experiências, consumo, estilos e daí por diante. Ser cringe, para a geração Z, não é legal – já sabemos. Mas sintetizar a geração sem suas devidas complexidades é menos legal ainda. A geração Z gosta de se autodepreciar muitas vezes, mas entre si, assim como quando falamos algo ruim da nossa cidade a um conterrâneo, quem é de fora do grupo não pode. “A nova velha juventude” (CRUZ, 2018) por vezes surpreende ao revelar mais aspectos em comum com as gerações anteriores do que um olhar apressado poderia observar, e ainda aponta que existem sutilezas que só através de pesquisa e método se consegue enxergar.

Referência Bibliográfica:

CRUZ, Elena. A Nova Velha Juventude: Modernidade, Mudança Social e Questões Geracionais nas Representações dos Millennials. 2018. Dissertação de Mestrado. Programa de Pós-Graduação em Comunicação do Departamento de Comunicação Social da PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2018.